Copa do Nordeste: o torneio regional mais famoso do Brasil

A Copa do Nordeste, carinhosamente chamada de “Lampions League”,está se encaminhando para a sua definição neste ano de 2021. Contudo, são poucos que conhecem sua brilhante história, e como a competição se tornou uma das mais charmosas do Brasil. Além disso, a Copa do Nordeste não começou como conhecemos hoje, e é o que vamos descobrir agora.

Antecedentes

A princípio, a primeira edição da Copa do Nordeste realizou-se em 1976, todavia, ainda não recebia este nome. Então, O Torneio José Américo de Almeida Filho teve a presença de 13 equipes. Os estados de Alagoas, Bahia, Paraíba, Pernambuco, Rio Grande do Norte e Sergipe foram representados nesta primeira edição, com seus campeões e vices de cada estado. Além disso, o Volta Redonda, do Rio de Janeiro, foi convidado pela organização do torneio para disputar a competição. Então, o clube que se consagrou o primeiro campeão do então Torneio José Américo de Almeida Filho foi o Vitória, vencendo por 3 x 0 o América-RN.

Contudo, após sua primeira edição, cancelaram o torneio. E ele voltou ao calendário apenas em 1994, sob o nome de Taça Governador Geraldo Bulhões. Assim, o Sport venceu esta edição. Contudo, apenas em 2012 a CBF reconheceu essas duas competições como precursoras da Copa do Nordeste que conhecemos hoje.

1997 a 1999: Copa do Nordeste organizada pela CBF

Então, mais uma vez vimos o cancelamento da competição, que voltou com tudo apenas em 1997, desta vez, organizada oficialmente pela CBF. Todavia, a confederação alterou a fórmula de disputa do torneio. Na época, 16 clubes se enfrentaram em sistema de mata-mata. Além disso, todos os confrontos foram disputados em jogos de ida e volta.

Na sua reestreia, em 1997, os mesmos times que participaram da edição de 1976, marcaram presença. Entretanto, com a adição de dois clubes. Foram eles, Santa Cruz, da Paraíba, e Ferroviário, do Ceará. E mais uma vez, o Vitória venceu a Copa do Nordeste. Contudo, desta vez, em cima do seu grande rival, o Bahia. E a partir desta edição, o vencedor garantia vaga na extinta Copa CONMEBOL.

No ano seguinte, a CBF optou por alterar a competição mais uma vez. Os 16 times participantes foram divididos em quatro grupos, e os dois primeiros de cada grupo avançariam para a segunda fase. E nesta segunda fase, mais uma divisão por grupos, em que o primeiro de cada, jogaria a final. Todavia, mesma com a alteração, o Vitória se garantiu mais uma vez na final do Nordestão, desta vez, com o América-RN, refazendo a final de 1976. Contudo, o final desta foi completamente diferente. O clube potiguar levou a melhor sobre o Leão da Barra, e faturou seu primeiro título.

Em 1999, manteve-se a fórmula de disputa, contudo, com cinco novos clubes. Foram eles o Baraúnas-RN, Campinense-PB, Lagartense-SE, Juazeiro-BA e Porto-PE. A final foi disputada, mais uma vez, pelos rivais ferrenhos, Vitória e Bahia. E o Leão da Barra sagrou-se, mais uma vez, campeão da Copa do Nordeste. Então, foi seu terceiro título.

2000: Último ano da CBF

Já no ano de 2000, a Confederação Brasileira de Futebol optou por manter o mesmo formato do torneio nordestino, todavia, com a adição de três novos clubes. Poções-BA, Miguelense-AL e Coritiba-SE. E pela quarta vez consecutiva, o Vitória estava na final. Contudo, desta vez com o já campeão do Nodestão, o Sport. E foram dois jogos muito disputados, em que ambos terminaram em 2 x 2. E como o O Leão da Ilha tinha a melhor campanha, faturou o seu segundo título.

2001: Um novo organizador

Assim, após a consolidação do torneio, a CBF acabou por deixar de lado a Copa do Nordeste. Então, quem assumiu a organização da competição foi Associação de Clubes de Futebol do Nordeste. Assim, o sistema da competição também mudou. Os 16 times se enfrentaram em sistema de pontos corridos e os quatro primeiros se credenciaram para disputar as semifinais.  Bahia, Fortaleza, Náutico e Sport foram os classificados e o vencedor foi o Tricolor Baiano, superando o Fortaleza na final.

Em 2002, manteve-se o mesmo formato da competição, com Vitória (quem diria), Bahia, Náutico e Santa Cruz indo as semifinais. Então, o vencedor foi, mais uma vez, o Bahia, vencendo seu maior rival na final, o Vitória.

Já em 2003, vários clubes se recusaram a participar do Nordestão, por diversos motivos. Então, o regulamento teve que ser alterado mais uma vez.  Assim, Vitória, CRB, CSA e Fluminense de Feira esperariam os vencedores dos primeiros confrontos para, então, poderem participar. O esquema seria em mata-mata. Nas primeira e segunda fases, teriam-se apenas jogos de ida e nas semifinais e final os jogos de volta seriam obrigatórios. E na final, em caso de empate, o clube de melhor campanha levaria a taça. Então, foi exatamente o que aconteceu. O Vitória enfrentou o Fluminense de Feira, e após dois empates, o Leão da Barra levou a Copa do Nordeste.

2010: A ilha no meio da história

A partir de 2004, a Associação de Clubes de Futebol do Nordeste optou por cancelar o torneio, por não ser rentável financeiramente, e pela desistência de diversos clubes, mais uma vez. E não tivemos Copa do Nordeste até 2010, quando o Nordestão voltou. E com regulamento novo. Os quinze clubes se enfrentam, todos contra todos, em jogos apenas de ida. Ao fim desses confrontos, os quatro clubes que mais pontuarem avançam à fase seguinte, que será disputada em mata-mata, começando por semifinais, também apenas com jogos de ida.

E na volta do torneio, velhos conhecidos da competição voltaram a brilhar. E é claro que estamos falando do Vitória. O Leão da Barra enfrentou o ABC na grande final e derrotou o clube potiguar por 2 x 1 e faturou seu quarto título.

Contudo, de 2011 a 2013, a copa foi cancelada mais uma vez, desta vez exclusivamente por questões financeiras relacionadas a organizadora.

2013: Volta da CBF

Para a alegria dos nordestinos e de todo bom apreciador de futebol, a Copa do Nordeste voltou ao calendário nacional em 2013, e voltou também a ser organizada pela CBF. E mais uma vez, com um regulamento diferente. Os 16 times foram divididos em quatro grupos, em que os dois melhores avançavam para segunda fase, disputada em mata-mata. ABC, ASA, Vitória, Ceará, Sport, Campinense, Santa Cruz e Fortaleza avançaram para a segunda fase, com o Campinense sendo campeão.

2014 a 2016

Em 2014, manteve-se o mesmo formato da competição, que é mantido até os dias de hoje. Contudo, em 2014, tivemos uma grande polêmica. Os clubes do Piauí e Maranhão não tiveram vagas na edição de 2014 e nem em 2013, causando bastante revolta das federações estaduais dos respectivos estados. Com isso, a CBF garantiu que estes estados teriam representantes na edição de 2015. Dentro de campo, o Sport faturou seu terceiro título do Nordestão, desta vez em cima do Ceará. E pela primeira vez, o campeão garantia vaga na Copa Sul-Americana

Já em 2015, o número de clubes aumentou, principalmente, com a inclusão de Maranhão e Piauí na competição. Passamos a ter 20 clubes na disputa da taça mais cobiçada do Nordeste, com a abertura de mais um grupo. E desta vez, o Ceará foi o grande campeão, vencendo o Bahia na grande final.

Em 2016, pela primeira vez em sua história, os nove estados tiveram representantes na competição de forma consecutiva, se tornando, para muitos, a copa mais democrática do país. Todos entravam com as mesmas chances, sem fase preliminar. E dentro de campo, uma final inédita. O Santa Cruz enfrentou o Campinense, com vitória do Tricolor de Pernambuco, garantindo vaga nas Oitavas de Final da Copa do Brasil.

2017 aos dias atuais

Assim, em 2017, tivemos uma pequena mudança. Desta vez, o vencedor garantia vaga apenas nas Oitavas de Final da Copa do Brasil, sem direito a vaga na Copa Sul-Americana. E desse jeito se mantém até os dias de hoje, contudo, em vez de garantir vaga nas Oitavas, o vencedor garante vaga na terceira fase da competição nacional, fase em que entram também os classificados para a Libertadores, o campeão da Copa Verde e o campeão da Série B. Em 2017, 2018, 2019 e 2020, foram campeões respectivamente: Bahia, Sampaio Correa, Fortaleza e Ceará.

E neste ano, de 2021, a Copa do Nordeste nos reservou bastante emoções. Desta vez, os clubes se dividiram em dois grupos de oito times cada, em que os quatro primeiros avançaram para fase de mata-mata. E foram eles Ceará, Sampaio Correa, Vitória, Altos, Fortaleza, CSA, Bahia e CRB.  E estamos atualmente na fase de semifinal, com os confrontos entre Ceará e Vitória numa chave, e Fortaleza e Bahia na outra.

Quem será o grande campeão de 2021, da Copa do Nordeste? Que apesar de não ter torcida dos estádios, é uma competição que faz o Nordeste vibrar, que ganhou o carinho de todo o Brasil por transformar estádios em caldeirões, por resgatar a essência do futebol, que é seu público e os bons jogos. Em época em que se fala muito de Superliga na Europa, nada melhor do que uma competição que resgata a democracia no esporte. Viva o Nordeste!

Foto Destaque: Reprodução/CBF

Eric Filardi
Eric Filardi

Sou Eric Filardi, paulistano de 28 anos, criado em Taboão da Serra, jornalista pós-graduado em Jornalismo Esportivo e apaixonado por futebol. Como todo jornalista amo escrever. Como todo brasileiro amo futebol. Tenho meu clube e minhas preferências, mas viso o profissionalismo e a imparcialidade, sem deixar de lado a criatividade. Sou Tricolor, Peixe, Palestra e Timão. Sou da Colina, Glorioso, Flu e Mengão. Sou brasileiro, hermano, francês e italiano. Sou Ghiggia, Paolo Rossi, Caniggia e Zidane. Sou Alemanha dos 7 x 1, mas que o povo não se engane. Também sou Ronaldo, Romário, Zico, Garrincha e Pelé. Sou Bundesliga, MLS, Eredivisie e Premier. Sou das várzeas e dos terrões. Sou Clássico das Multidões. Sou Sul, Nordeste, Amazônia e Pantanal. Sou Galo, Raposa, Bavi e Grenal. Sou Ásia e África. Sou Barça e Real. Sou as Américas, a Europa, sou o mundo em geral. Sou a festa nas arquibancadas que o estádio incendeia: sou Futebol na Veia.

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